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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Para ti Raul

"- Senhora Júlia nasci, quem é que me dá de mamar? "

Raul, será que morreste ou simplesmente renasceste?
Esta dúvida aplicada a ti é complicada, tu morreste, mas o teu legado, o teu trabalho, o teu valor renasceu, toda a tua obra foi recordada/renascida, o valor que tinhas aumentou a cotação no mercado dos afectos, o público veio para a rua celebrar-te, falar de ti, falar contigo, aplaudir, chorar, rir, porque sempre os fizeste rir, fizeste história a contar estórias, inventaste mundos e outras dimensões, puseste soldados em Guerras sérias a rir com a tua Guerra a brincar. Uma vez contaste-me que quando entravas em qualquer lugar as pessoas olhavam para ti e riam, não tinhas feito nada, simplesmente estavas ali e elas riam, tu talvez não tivesses essa noção, mas carregavas contigo o teu legado, o teu passado de fazer rir, era por isso que as pessoas riam, riam pelo teu humor inteligente, pela tua piada fácil mas difícil, pois humor sem palavrão é difícil, humor sem baixar as calças é difícil e tu escolheste o caminho das pedras e venceste, até ao fim continuaste com a tua classe, com o teu humor abrangente mas refinado. Mostraste e demonstraste que fazer humor e do melhor, não é contar anedotas ordinárias, não é abandalhar o público e fazer humor gozando com ele, não é baixar as calças, tudo isto é falta de gosto, não é fazer humor, porque fazer humor é outra coisa, é algo de mais profundo, fazer humor é ser inteligente e com palavras simples contar estórias, o que tu fizeste como ninguém ! Fazer humor é ter um coração grande e bondoso como o teu, que afinal te traiu, acho que até disso tu fizeste uma boa piada! Sim a palavra que mais se ouviu no dia em que te tornaste brisa quente de Agosto foi - GENEROSO - isso já sabia há muitos anos, quando te conheci, no tempo do Zip-Zip, um outro programa teu - outra lança em África no tempo difícil da ditadura.
O meu pai pintou-te o retrato, não sei se está comigo ou com o meu irmão, mas se estiver comigo, já sei onde vai passar a estar, na "CASA DO ARTISTA", será uma HONRA oferecer o teu retrato á CASA DO ARTISTA, outra grande obra criada por ti e alimentada por ti, dia a dia. É bom saber, mas ainda é melhor sentir, que um artista, mesmo que esteja na miséria tem um lugar onde pode descansar, onde se adoece pode ser tratado, onde lhe dão afecto e lhe alegram a solidão, um lugar no seu País, criado expressamente para ele. Onde pode partilhar memórias, tristezas, alegrias com colegas de profissão, isso aconchega-nos a alma! Este projecto, que deveria ter partido do Governo e construído pelo Governo, foi - GENEROSAMENTE - criado por ti, porque pensas no próximo, porque és GENEROSO! A tua - GENEROSIDADE - fez-te sonhar e construir o Teatro Vilarett, deu-te muitas alegrias, muito trabalho, fizeste lá peças fantásticas, mais uma vez ergueste um sonho! Tornaste possível o impossível ! Deixo-te agora com um beijo, um dia destes volto a falar contigo. Helena Corado

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